Gostou deste artigo?
Então assine nossa newsletter e receba nosso conteúdo especial e GRÁTIS.
Enquanto a morte de George Floyd causou uma onda de protestos e manifestações nas ruas de grandes cidades do mundo e também nas redes sociais, a morte do menino João Pedro, baleado dentro de casa durante uma operação policial no Rio de Janeiro, repercutiu de maneira bem mais discreta. É notável e estranhamente curioso que a revolta e a indignação não tenham tido o mesmo alcance, repercussão e até engajamento das marcas brasileiras. O que nos faz olhar com mais atenção para os negros na publicidade e o papel das marcas contra o racismo.
Vale ressaltar que a própria mídia nacional deu mais destaque à morte do segurança do que à do adolescente. Deixamos claro aqui que não buscamos uma competição ou equiparação em meio a duas tragédias motivadas pelo racismo.
O que queremos é chamar atenção para um oportunismo do qual muitas marcas se aproveitaram usando hashtags, tela preta e nada mais. É claro que se solidarizar é importante e engrossar um coro antirracista nas redes sociais pode ajudar a fortalecer uma causa, mas é essencial ir além do discurso. Lá fora, inclusive, o “tamo junto” genérico que centenas de marcas postaram seguidos da #blacklivesamatter, foi alvo de piadas.
Já passamos da fase de só falar sobre o racismo, seja o escrachado ou o velado. A mesma publicidade que influencia, inspira e informa, tem o poder de transformar. Como? Com palavras que viram atitudes, com promessas que se tornam propósitos e com mais oportunidades aos negros na propaganda.
Segundo estudo feito pelo Grupo de Estudos de Ação Afirmativa da UERJ, que pesquisou 370 edições do seminário de maior circulação nacional entre 1987 e 2017, a publicidade brasileira é composta por mais de 83% de pessoas brancas, sendo 46% de homens brancos e 37% de mulheres brancas. Homens e mulheres negras, pardas ou indígenas somam 12%.
Um adendo: a proporção de mulheres na publicidade nacional é crescente e moderada, sendo acima de 40% somente nos últimos 10 anos, principalmente devido aos anúncios de determinados tipos de produtos que reforçam distinções de gênero. Uma realidade: 12% dos protagonistas dos comerciais são negros, sendo menos de 1% das mulheres negras.
Veja a presença de homens e mulheres negros na propaganda, agora dividido por segmento.
Em materiais publicitários para instituições públicas, estatais e órgãos de sociedade civil, o número sobe para 28%. Mesmo assim, ainda é muito pouco para um país onde 54% da população é negra.
Quem não é visto não é lembrado. Ou pior: é ignorado. Os números mostram que a publicidade e a mentalidade do mercado (marcas e agências) ainda precisam evoluir muito na sua forma de enxergar a presença do negro na propaganda. Não como estratégia de aproximação, mas como dever de inclusão.
Quer saber mais sobre Publicidade Antirracista? Nesse podcast aqui tem um conteúdo especial sobre o tema.
Para finalizar, mais números:
Agora que você já sabe os números e conhece os fatos, é um bom momento para repensar seu posicionamento frente ao racismo e outras causas importantes que exigem empatia da sua marca.
Quer chegar mais longe, com planejamento inteligente, branding bem pensado e boas ideias? Vem com a gente!
Fonte: http://portalmakingof.com.br/presenca-de-negros-na-publicidade-ainda-e-muito-desigual-no-brasil
Publicitário nostálgico contemporâneo, pai de gato e usuário de all star. Otimista incorrigível, se dedica a entender coisas que um dia saberá, talvez.